As motivações para aprender C e C++

Um anônimo me perguntou numa das minhas postagens antigas:

(...) Você que trabalha nesse badalado mundo de programação, o que tem visto no mercado no que se diz respeito a essas duas linguagens, principalmente C? Não sou fanboy nem atendente de suporte técnico... mas absolutamente não tenho visto empregos que peçam C ou C++. Ao contrário, dá impressão que estamos regredindo aprendendo estas línguas, pois precisa-se de Java aqui, php ali, .Net, .Ado, ASP. etc etc etc. Sente-se ainda firme nesta empreitada desafiadora em um mundo cada vez mais das linguagens gerenciadas? Um abraço.

Resolvi copiar a resposta que escrevi nos comments e publicar aqui como uma postagem:



Olá anônimo...

Bom, acho que a grande motivação pra se aprender C/C++ (ou qualquer outra linguagem) definitivamente não deve ser apenas mercado de trabalho.

A popularidade do C para softwares corporativos pode até cair, porque em outras linguagens você desenvolve mais rápido e a velocidade de execução não é um fator crítico. Porém, o C não deixará de ser usado para aplicações de missão crítica, como transações na Bolsa de Valores, por exemplo.

Entenda que numa aplicação que a cada segundo são negociados Milhões de R$, cada milissegundo de desempenho que seu código ganha faz muita diferença no bolso de muita gente. Essa diferença de milissegundos não consegue ser ganha em Java ou PHP, por exemplo.

Outro caso em que o C/C++ é muito popular é no mercado de games. As melhores engines são feitas em C/C++, e não vão deixar de ser, porque você precisa calcular iluminação, partículas, câmera, textura, coordenadas, som, física, input do jogador, inteligência artificial e mais algumas outras coisas para centenas de milhares de polígonos no mínimo 30 vezes por segundo. Esse desempenho para gráficos mais realistas só se consegue em C/C++.

Outros exemplos são Sistemas Operacionais (não só Linux, Windows e Mac OS; pense também no SO do robozinho que foi pra Marte, da sua televisão, do elevador do seu prédio e até das maquininhas de café).

Navegadores de Internet, Processadores de Texto e mais uma infinidade de aplicativos que usamos diariamente tem o C/C++ nas suas entranhas.

Quanto ao emprego, sempre vão existir programas feitos em C/C++ que precisam de manutenção e upgrade. E se a quantidade de pessoas interessadas em C/C++ diminui, o valor (e o salário) das que se interessam aumenta bastante.

Pra concluir, independentemente do mercado de trabalho ou do que se possa fazer com a linguagem, no final das contas não é a linguagem que importa; e sim o que você quer fazer com ela. A linguagem é só uma ferramenta. Nenhuma ferramenta no mundo é a melhor para TODOS os casos. Portanto, procure aprender por curiosidade, por prazer, por satisfação pessoal e se divirta ao longo do caminho. Se não há o desejo de aprender dessa forma, mesmo que vc arrume um emprego na área vc não vai ser feliz nessa profissão.

Abração, boa sorte aí no aprendizado e na procura do trampo. ;)


PS:
No site do Vinícius dos Santos Oliveira tem uma postagem muito boa que fala sobre esse tema e outros assuntos: http://vinipsmaker.wordpress.com/2013/01/13/quero-aprender-cpp-e-agora/

Comentários

Anônimo disse…
Acabei de achar o sei blog. Sou programador tbem.. e quero me aventurar no C++ e C.
Enfim... estou postando para falar: Gostei do texto !! Escreve mais... ! : ) abracoes
Murch.
Rafael Beckel disse…
Estou sem muito tempo de manter esse blog (talvez um dia eu retome), mas vou te passar três links que podem te ajudar: http://c.learncodethehardway.org/book/ apresenta o C de uma forma interessante, http://www.buildyourownlisp.com/ te ensina a escrever a sua própria linguagem de programação e http://learnopengl.com/ é mais específico para programação gráfica. =)

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